O título desta exposição está relacionado com as ancestrais festas que ainda hoje se celebram nas recônditas terras transmontanas de Montalegre. Estas festividades estivais repetem ritos pagãos do solstício do verão através das lutas de bois, designadas como chegas. O boi vencedor é decorado com folhas de louro, transformando-se em herói cobridor.
A força e a autenticidade das chegas a que Maria Altina Martins assistiu conduziram-na a executar uma série de três tapeçarias que agora se patenteiam na Sala Anos 90.
O Boi do Povo, qual representante do velho bisonte rupestre cresce na soberba vitalidade das tramas e num entrelaçado de fios de couro, crina, seda, algodão, acrílico, ráfias, papel, sisal, cânhamo, linho e lã.
O Boi e a Serpente remetem-nos para a relação macho-fêmea e para o conceito de tempo, simbolizado pela cabeça taurina e pela ideia de labirinto. Foram imaginados os caminhos sulcados pelos homens nas montanhas do Larouco e do Gerez, que lembram os percursos desenhados pelos índios nas florestas do Ohio.
O País Barrosão é assinalado com os cornos do animal encastoados no cruzar das texturas executadas com matérias da região: granito, junco, feno, linho e lã.
Assim se celebra o retorno aos mistérios das terras de Montalegre, vividos e expressos por Maria Altina, artista plástica de tapeçaria que através dos seus trabalhos, afirma a identidade cultural das gentes da Serra do Barroso.
Texto do Pintor Fernando de Azevedo








