Figurinos 1990

Como surgiu a sua colaboração com O Bando?
Foi uma surpresa. Em 1990, o Teatro O Bando ensaiava na Comuna. O encenador João Brites contactou-me para me propor a elaboração dos trajes de cena para a peça.
Lançou-me um desafio claro: fazer 22 figurinos que representassem animais, identificáveis pelas texturas, não podendo ser ilustrativos, e que não se confundissem uns com os outros. Naquele momento, pensei não ser capaz.
Já tinha criado um figurino, para a performance de José Nuno da Câmara Pereira, A imaginação da matéria, para a qual pensei, construí e interpretei a Anima, na Central Tejo, aquando da inauguração deste espaço expositivo.
Desta vez, era uma novidade, 22 figurinos, só com texturas. Tudo em um mês. Agosto. Um calor imenso. Era preciso atravessar a Praça de Espanha com os figurinos na mão. Não havia carro. Eu e a Andrea de chapéu atravessando a praça, para ir mostrar a obra e assistir a ensaios para avivar a inspiração. Não havia muito tempo para ler o livro de contos.
João Brites dava coragem, “estava bom, ótimo, prosseguir…”, e assim acontecia, 22 bichos em um mês. Quando a peça estreou em Bruxelas, para a Europália, criei ainda outro, a Mosca, para ser vestida por uma cantora belga que a interpretava. Afinal foram criados 23 Bichos.

Entrevista a Maria Altina Martins – Aceda aqui à entrevista completa